Áreas de descarte de lixo viram jardins em Santa Maria
publicado em 12 de janeiro de 2016
Entulhos dão lugar à grama e às britas. Caixas de papelão são substituídas por flores. E o que era lixo se transforma em jardim. Assim é o projeto Santa Maria Mais Florida, desenvolvido pela administração regional em parceria com a população e com o Serviço de Limpeza Urbana. Foram revitalizadas cinco áreas, antes usadas irregularmente como descarte — uma na Quadra 313, outra na 203 e três na Quadra 201. Nelas, plantaram-se 450 mudas ornamentais de pequeno porte e 45 árvores como ipês, palmeiras e seriguelas.
Dono de uma banca de revistas na Quadra 203, em frente à uma área verde, Francisco de Assis, de 59 anos, afirma que havia quem jogasse lixo orgânico ali: “Já vi de tudo. Até cachorro morto já teve”. Para ele, a nova paisagem não contribuirá apenas com a estética da região, mas com o saneamento de Santa Maria. “Aquela quantidade de lixo acumulada pode aumentar a dengue.” Assis, contudo, acha que o lixo pode retornar se não houver fiscalização.
O administrador regional de Santa Maria, Nery do Brasil, acredita que a presença do jardim inibe a pessoa de descartar entulho e outros objetos no local. A participação dos moradores, defende, é fundamental: “Se não envolver todo mundo, não tem como manter uma área como essa”.
GUARDIÃ DAS FLORES – Os jardins são conservados com a colaboração dos moradores. Há quem leve novas mudas para plantar, quem regue e ainda quem monitore a área. Uma das principais jardineiras é a aposentada Maria Leitão, de 63 anos, que mora em frente à área reformada da Quadra 203. Ela conta que costuma visitar o lugar mais de uma vez por dia. “Hoje mesmo já fui três vezes”.
Nos canteiros reciclados — feitos com pneus que antes eram entulho —, Maria prepara o solo e vigia as plantas. Do portão de casa, espia para verificar se está tudo em ordem. O espaço florido tornou-se uma extensão do quintal de casa. De viagem marcada para o Ceará, diz que já está com saudades.
PARCERIA COM ALUNOS – Trinta estudantes, de 3 a 6 anos, da Escola Classe nº 203 de Santa Maria tiveram protagonismo na elaboração do jardim da mesma quadra. Em parceria com a unidade de ensino, a administração regional solicitou a participação dos estudantes para que fossem educados a preservar o espaço público e estimulados a fazer trabalhos com a terra. “A criança, a gente consegue ensinar mais do que o adulto”, justifica Nery do Brasil.
Segundo o administrador regional, a revitalização não teve custo para os cofres públicos. Os pneus, usados como canteiros, estavam depositados junto aos entulhos e foram reutilizados para acolher as mudas. As tintas, doadas pelo comércio local, e os pintores são 12 internos do sistema penitenciário de Santa Maria.
Fonte: Agência Brasília