Secretário de Regularização diz que pode deixar pasta
publicado em 26 de março de 2012
Em entrevista ao Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (26/3), secretário de regularização de condomínios diz que pode voltar à Câmara Legislativa caso não tenha estrutura para trabalhar.
Confira a íntegra da reportagem.
Pasta não tem estrutura
Por Camila Costa
Há pouco mais de 30 dias no cargo de secretário de Condomínios, o distrital Wellington Luiz (PPL) ainda não foi devidamente instalado. Apesar da agenda cheia, ele despacha em uma sala emprestada do DFTrans e precisa, muitas vezes, recorrer à Câmara Legislativa para conseguir atender as demandas da pasta. “Me deram um Boeing, de última geração, muitos passageiros esperando para voar, mas ainda não me entregaram o combustível”, compara. Apesar de planejada com antecedência, nem mesmo as funções da pasta estão definidas. Segundo o próprio secretário, muitos assuntos conexos com a Secretaria de Habitação ainda precisam ser discutidos e separados. Com essas dificuldades, pessoas próximas à pasta garantem que está cada dia mais próximo o dia em que o “bom filho à Casa tornará”. Wellington diz que está envolvido com o trabalho, “mas, se não tiver condições de trabalhar”, ele retoma o mandato de distrital: “Não vou criar falsas esperanças. Eu saio, vou embora”.
A Secretaria de Condomínios já foi totalmente implementada?
Estou em uma sala emprestada, no DFTrans, na antiga Rodoferroviária. Temos uma sala com uma mesa. Estamos usando, por enquanto, nosso aparato, como os computadores. Recebi celular e carro oficial. O local é de difícil acesso, eu vou, não tem problema, até porque vou de carro. Se tivesse uma demanda de pessoas para ir até lá, hoje, traria dificuldade, por conta do transporte. Mas quando a secretaria estiver instalada é bom que seja em um lugar de bom acesso.
Mas já tem mais de 30 dias que foi empossado. Esse lugar já está sendo preparado?
Tem um prédio antigo na 509 Norte, que é um bom lugar e parece que é do Governo do DF agora, mas ainda não entregaram as instalações. O ideal é que seja um andar para a secretaria.
E o quadro de pessoal, como está?
Foram nomeadas 25 pessoas. Me deram um Boeing, de última geração, com toda tecnologia, com muitos passageiros esperando para voar, mas ainda não me entregaram o combustível. Tem demanda, tem gente esperando, mas sem gasolina não decola. Sei que é difícil, que demora, tenho maturidade para entender isso, mas a expectativa das pessoas é enorme. Quando criou a secretaria, imaginaram que vinha como mágica, mas estou indo aos lugares dizendo que não é bem assim. E a gente também não teria onde colocar estas pessoas. Precisamos de espaço físico primeiro.
Quantos cargos foram acertados para a pasta?
Ao todo, 204, entre comissionados técnicos.
Do que você precisa neste quadro?
Preciso de técnicos, engenheiros, arquitetos, para colocar em prática o que as pessoas esperam: trabalho. Por enquanto, estou valorizando os técnicos, muito mesmo.
Qual o posicionamento do governo quanto à falta de estrutura?Já deram uma explicação do porquê que as coisas não estão andando para a pasta?
Se pensar bem, não há justificativa. A criação da secretaria foi algo planejado, estudado, ela não nasceu do dia para a noite, e até chegamos a pensar que não sairia do papel. Começamos a pensar os cargos, sugerimos 260, o governo bateu 180, saíram os 204. Então houve uma negociação, uma avaliação dos números, das possibilidades, não dá para justificar porque não sai. A exemplo do que aconteceu com a Casa Civil, onde houve uma necessidade enorme de nomeações, na nossa não é diferente e ainda há uma demanda externa grande. As demandas são tamanhas, que um grupo de pessoas foi até a porta da minha casa para pedir uma reunião e, nesta época, não tinha nem sala para recebê- los.
E como está a comunicação com o governo para resolver este e outros assunto?
A secretaria espera uma comunicação melhor, para que o trabalho produza seus efeitos. E, realmente, dá para produzir. Enquanto cada secretaria e órgãos do governo falarem línguas diferentes, não vai funcionar. O ideal é que todos falem a língua do governo.
Mas quando foi feito o convite ficou tudo acertado?
Foi um acordo entre o meu bloco e o próprio governador. Havia necessidade de negociar questões relativas ao suplente, então demorou um pouco. Estive com o governador depois que assumi, mas as condições não são as ideais. A negociação começou em dezembro, pois havia a intenção de indicar um técnico ou um jurista, mas acabou não sendo como queríamos. Como não conseguimos estas indicações, pensamos em um parlamentar. Foi quando surgiu meu nome.
Pelo menos no papel, a função da secretaria ficou clara?
Há algumas matérias conflitantes, pois entra na área da Secretaria de Habitação. Ambas são de regularização. Cabe ao governador definir bem a competência. Ainda não houve reunião para tratar isso, mas eu e o secretário (de Habitação Geraldo) Magela temos uma sintonia bacana e a nossa intenção é buscar a solução, independentemente de qual pasta esteja à frente.
O senhor tem pretensões de voltar para a Câmara Legislativa?
Fui para a secretaria cumprindo uma missão do grupo. Hoje, a prioridade é a secretaria. Estou me desdobrando em 20, por que é um trabalho legal. Tomei gosto pelo negócio, porque a gente consegue ajudar de verdade. Mas, se não tiver condições de trabalhar, não vou criar falsas esperanças para as pessoas. Eu saio, vou embora.