Bragueto terá ampla reforma até 2016

publicado em 20 de maio de 2014

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A Ponte do Bragueto, no Lago Norte, em precário estado de conservação da estrutura, será recuperada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), como anunciou o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, durante o programa eleitoral do PMDB. O projeto, que engloba a restauração do esqueleto inaugurado em junho de 1961, envolve ainda outras cinco obras no trecho, batizado como Trevo de Triagem Norte. Entre as benfeitorias prometidas pelo Executivo, estão a recuperação de 90% da ponte existente, a criação de vias marginais nos Eixos L e W e a construção de duas novas passagens sobre o Lago Paranoá. A revitalização completa custará R$ 80 milhões aos cofres públicos, com previsão de ser concluída em 2016. Os trabalhos devem começar em 15 dias, de acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), responsável pela intervenção. Pela Ponte do Bragueto, passam, em média, 100 mil veículos por dia em ambos os sentidos.
Ciclovias e 12 viadutos também estão previstos na planta do projeto, que visa atender moradores de regiões como Lago Norte, Varjão, Sobradinho e Planaltina, que circulam pela via diariamente. A criação do Trecho de Triagem Norte se ampara na justificativa de eliminar pontos de conflito no trânsito e de duplicar a capacidade do tráfego. Informações do DER-DF dão conta de que a obra foi orçada em mais de R$ 129 milhões, foi licitada por R$ 97 milhões, mas o valor praticado pelo consórcio vencedor, chamado Via/Conterc, teve um abatimento de 8%.

Tempo mais curto
“Todas as pessoas que usam a saída norte de Brasília serão beneficiadas, pois hoje, ali, a pessoa precisa fazer retornos e passar por semáforos. Tudo isso deixará de existir para ser substituído por um conjunto de viadutos. No caso da Ponte do Bragueto, vamos substituir o tabuleiro (parte de cima da estrutura) e, depois, fazer uma prova de carga nas fundações. Elas vão ser reforçadas, claro. Então, vamos permitir essa flexibilização do trânsito na parte norte da cidade, coisa que a parte sul já experimenta”, informou o vice-governador. Após a conclusão da obra, Filippelli acredita que a economia de tempo no trecho para os motoristas ficará em torno de 15 a 30 minutos.

O professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) Dikran Berberian analisa com bons olhos a proposta. Em janeiro deste ano, ele visitou a Ponte do Bragueto a pedido do Correio e constatou, entre outros problemas, desníveis, buracos e rachaduras na estrutura. “As novas pontes serão paralelas à que já existe. Além disso, o tabuleiro, isto é, a parte de cima da Ponte do Bragueto, vai ser demolido e construirão outro. Parece-me que as fundações e os pilares da velha estrutura serão mantidos. Isso é bom pelo lado da economia”, sugeriu. A estrutura já havia passado por intervenções. “Eles já tinham fechado os buracos, além de terem colocado sinalizadores para os caminhões mais altos não passarem por ali. No meu ponto de vista, a estrutura pede socorro, mas imagino que ela suporte o tempo de licitação e execução”, concluiu.
O diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur Júnior, afirma que o caminho percorrido pelos motoristas será encurtado, além do tempo gasto no trânsito. Segundo ele, em 15 dias, começam as marcações e a análise da topografia no local. “De imediato, vamos começar as duas pontes para, então, reformar o Bragueto, pois as pessoas vão precisar de outras alternativas quando a ponte estiver em obras”, sinalizou. “É uma obra para dois anos e, claro, que vai ter transtornos, mas contamos com a paciência do motorista, porque o que está sendo planejado vai melhorar muito o fluxo na região”, arrematou. O diretor-geral do DER informou que, com a criação das ciclovias, será possível ao ciclista sair de Sobradinho e chegar à Asa Norte pelo trecho destinado exclusivamente às bicicletas.

Afunilamento
A dentista Aline Cunha Medeiros, 23 anos, passa todos os dias pela Ponte do Bragueto e conta que já chegou a ficar mais de uma hora presa em um engarrafamento no local. “Os horários de pico são os piores, e o problema não é só o pessoal que vem do Lago Norte, como eu. Há também quem vem de Sobradinho, Planaltina. Junta todo mundo ali e afunila. Algumas vezes, passo pela Epia para evitar a ponte”, argumentou. A dentista analisa com desconfiança a reforma. “Se as outras pontes ficarem realmente prontas antes e, só depois, forem mexer na do Bragueto, ok. Mas, se fizerem ao mesmo tempo, acho que a bagunça vai aumentar e, se demorar muito, vai ficar ainda pior”, concluiu.
O professor Marcelo Rodrigues Fabrino, 29 anos, morador de Sobradinho, também sofre com grandes congestionamentos no local. Para ele, uma ponte nova já ajudaria a melhorar o fluxo. “Naquela subida quebra muito ônibus. Outras vezes, carros se acidentam. Quando isso acontece, temos de esperar mais de 40 minutos. Não tem acostamento, aí sabe como é. Só espero que essas construções não demorem mais do que estão prometendo e que o governo não gaste mais do que está falando que irá gastar, pois, normalmente, é isso o que acontece nessas obras viárias”, completou.

(Fonte: Correio Braziliense)